Como uma esponja de influências, Slash aposta todas as fichas em seus convidados de renome na concepção de seu primeiro rebento solo
Depois de recusar uma oferta de 100 milhões de dólares para reatar laços com os Guns n’ Roses, Slash embarca em carreira solo, confiante que não vai mais precisar se preocupar com fantasmas do passado. Ele reuniu um time de peso de vocalistas convidados, como Iggy Pop, Lemy Kilmeister (Motorhead), Ozzy Osbourne, Chris Cornell, Kid Rock, Fergie (ela mesma, do Black Eyed Peas, por mais estranho que pareça), Andrew Stockdale (Wolfmother), Ian Astbury (The Cult), M Shadows (Avenged Sevenfold), Myles Kennedy (Alter Bridge) e Rocco Deluca, e, assim o guitarrista tenta estabelecer uma identidade musical própria apoiada em uma base segura formada por monstros e notáveis do rock.
O principal problema é que mesmo que as faixas não cheguem perto da genialidade do trabalho de Slash na época de ouro do Guns (quando ele era o compositor principal do grupo), é praticamente impossível de se escutar o álbum solo do guitarrista sem comparar ou pensar em seu legado com Axl, no final dos anos 80 e início dos 90. E de certa forma os fantasmas de bermuda de lycra ainda rondam este lançamento.
A veia rock ‘n roll pulsa forte no disco auto-intitulado, como é de se esperar. Porém, às vezes, o timbre da guitarra de Slash atinge uma escala que sopra notas do passado, como acontece no início da faixa de abertura, “Ghost”, com participação de Ian Astbury nos vocais. Apesar de durante o intro haver uma esperança que a faixa se transforme em uma nova “Paradise City”, “Ghost” não chega nem perto da estrada com destino a cidade paraíso. Sem comentar que o vocal de Ian está um pouco baixo na mixagem, um problema que também recorre em outras faixas.
Dentre os destaque nas participações especiais, estão os dinossauros do rock. Ozzy empresta voz para a power ballad “Crucify The Dead”, que traz bem lá no fundinho o zeitgeist do príncipe da trevas no Sabbath. Já “Doctor Alibi” vem com os vocais de ninguém menos que Lemmy Kilmeister, do Motorhead, em um rock n’ roll vibrante de tempo acelerado. Sem dúvida, um dos highlights aqui, uma faixa suja, energética e sem frescura.
Iggy Pop também dá seu recado em “We're All Gonna Die”, que conta com os rifes fortes de Slash combinados aos vocais do líder dos Stooges, que passeiam por todos os timbres desde os graves nos versos, até os mais altos agudos no refrão. O disco conta ainda conta com algumas surpresas agradáveis, como “By The Sword”, carregada de influências dos anos 70 trazidas por Andrew Stockdale do Wolfmother.
A balada acelerada “Promise”, com Chris Cornell, recupera a pegada do extinto Audioslave, e “Watch This”, uma faixa instrumental poderosa, que conta com as participações de Dave Grohl e Duff Mckagan, outro ponto alto do debute solo de Slash. Como era de se esperar (sem preconceitos), as faixas mais fracas são: “Beautiful Dangerous”, com Fergie nos vocais, que força as barreiras entre o rock e o pop de uma maneira negativa, e “Gotten”, que parece mais uma faixa do Maroon5 do vocalista convidado Adam Levine.
Para conceber seu álbum solo, Slash absorveu muitas das influências de seus colaboradores, o que pode parecer meio suspeito em um disco autoral. De qualquer forma, a obra tem seus altos e baixos, contudo nenhuma música se destaca a ponto de se tornar um hit e, muito menos, chega perto de se tornar um clássico do rock n’ roll. O resultado final não passa de médio, e só reforça uma realidade que se distancia cada vez mais das épocas douradas do Guns n’ Roses, tanto da atuação como guitarrista e principal compositor do grupo, quanto de Axl e sua nova trupe.
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